segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

UM SÉCULO DE INTERIORES PORTUGUESES

 Nuno Ferreira da Silva para o Público
A exposição do MUDE "100 Anos de Arquitectura de Interiores em Portugal" estava na lista de coisas a fazer este ano e finalmente ontem fui visitá-la. Em primeiro lugar acho de louvar a escolha deste tema e gostando de interiores como gosto e fazendo desse gosto a minha profissão estava cheia de curiosidade. Na verdade o nome dado à exposição é ambicioso e cria grandes expectativas. Estas são reforçadas logo à entrada pelo belíssimo painel negro com o lettering recortado por onde se antevê o espaço expositivo que promete grandiosidade. No entanto depois de percorrido na sua totalidade fica a desilusão: só isto? Em vez de Exposição seria mais correcto chamar-lhe uma pequena mostra, caso contrário parece que a montanha pariu um rato. E 100 anos? Hmmmm... Não estou a tirar mérito aos comissários Pedro Gadanho e Rui Afonso Santos que tiveram esta excelente ideia, não deve ser fácil organizar uma exposição com estas características mas ficou tanta coisa de fora, nem sequer há um catálogo, fichas informativas... nada que consolide a informação ou que a contextualize melhor. Do ponto de vista da organização espacial, foi criada pelos arquitectos Marcelo Dantas e Olga Sanina uma estrutura de madeira não tratada, bonita mas que se impõe de uma forma excessivamente pesada na minha opinião, retirando protagonismo às peças. Parece que estamos no corredor da morte a olhar para as celas e o que lá está dentro parece já morto e triste. Os Interiores contam histórias, modos de vida, são documentos sociológicos importantes e acredito que na era da imagem seria possível dar outro dinamismo a estas peças.

 Nuno Ferreira da Silva para o Público

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