Segundo parece quando escrevemos num blog ficamos a pertencer a uma entidade anónima a que chamam blogosfera. O termo sempre me desagradou embora aparentemente faça parte da coisa pelo simples facto de ter um blog. Acontece que arrumar toda a gente no mesmo sítio não me parece nada correcto. Por um lado tenho uma certa aversão a pertencer ao que quer que seja. Não consigo nunca subscrever inteiramente nada, nem políticas, nem religiões, nem modos de vida fundamentalistas, sobretudo nada que me impeça de pensar pela minha própria cabeça.
O segundo aspecto que não suporto é o das polémicas. A forma como as pessoas começam todas em uníssono a discutir a mesma coisa com um envolvimento tão intenso como se não houvesse mais nada na vida. Isto acontece com declarações políticas absurdas que se espalham de forma viral, com a notícia de que se vai abater um cão ou com o depoimento de uma miúda que quer comprar uma carteira. Eu fico espantada com tudo isto e sinto-me mesmo uma outsider. Se isto é a blogosfera e as redes sociais eu não quero, estou fora!
A forma como encaro a vida é a seguinte: só entra o que eu quero. Se algo me desagrada não dou atenção (e não dar atenção significa também retirar o meu voto, tenho o já raro costume de votar em vez de ir para a praia, ao contrário daqueles que pensam que exercer a cidadania é colocar posts acesos no facebook).
Se hoje estou a abrir uma excepção é porque quero partilhar convosco, para que fique bem clara qual a minha postura individual enquanto blogger que tem sérias dúvidas quanto a pertencer à dita blogosfera. Em primeiro lugar faço isto porque gosto. É como escrever um diário, obriga-me a estar atenta, a seleccionar o que vale a pena partilhar, a pensar e analisar as imagens antes de escrever sobre elas e tenho a certeza que sou uma melhor profissional por causa do blog.
Embora saiba que eventualmente alguém lê o que escrevo, não escrevo sobre coisas polémicas para aumentar os comentários ou para ser citada noutros blogs, sendo que é dessa forma que muita gente gera audiências. As minhas audiências têm crescido de forma consistente tal como a página do facebook e prefiro que o ritmo seja este, devagarinho mas com ética :-)
Também não estou interessada em transformar o blog num veículo de publicidade oculta. Quem lê o que escrevo sabe que é uma opinião isenta, ninguém me paga para falar desta ou daquela marca. As marcas de que eu gosto, gosto mesmo e não ganho nada com isso.
E por hoje não vos aborreço mais, só achei que neste começo de ano tinha de escrever isto...