Nos idos anos 80, de repente, o gosto nacional modificou-se com uma boa ajuda dos construtores civis que começaram a construir loucamente por este país fora. Foi assim que o país deixou de ser inquilino e passou a ser "proprietário" ou pelo menos era o que nos faziam crer, dado que na realidade apenas contraiu uma dívida para a vida!
Nessa altura, um dos construtores deve ter-se lembrado de colocar tijoleira no chão e uma lareira no canto da sala. Rapidamente foi seguido por milhares de outros e... subitamente, na cidade, no campo e na praia, todas as casas, que nasciam como cogumelos, pareciam fabricadas com o mesmo molde. Na memória colectiva da época estavam presentes: as casas das classes mais baixas, a cair de velhas, sem condições mínimas de habitabilidade e... muita alcatifa e papel de parede, nas casas da classe média. Os outros (1%) viviam nos palácios do costume e não entram nesta história. Mas a verdade é que as casas a cheirar a novo, com as paredes brancas ainda com o estuque a secar, a sua tijoleira vidrada reluzente (nada da honesta tijoleira rústica e porosa) e a lareira de canto, pareciam mesmo palácios. Passados 30 anos, a maior parte das pessoas começa agora a perguntar-se porque raio tem de conviver com uma lareira enorme que nunca acende e porque tem tijoleira num apartamento em plena urbe. É aí que entramos no capítulo do pavimento flutuante que também tem muito que se lhe diga, mas fica para outro post.
Sou muitas vezes contactada para remodelações Low-cost que constituem desafios que gosto de enfrentar, mas não é fácil dar a volta e personalizar apartamentos tão descaracterizados como os que descrevi e todos conhecemos. Por isso gostei destas imagens, embora fosse difícil conseguir convencer alguém a pintar o seu "palácio branquinho" de castanho, parece-me uma solução a analisar, pesando prós e contras. Para quem gosta dos estilos étnico/industrial, este está orquestrado na perfeição.
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