Estive ontem presente na apresentação à imprensa da nova colecção de tecidos da Ikea. A importância que os materiais texteis têm na forma como vivemos foi compreendida e valorizada pela marca que até agora previlegiava o mobiliário nas suas colecções. Há novas cores e padrões, os ambientes tão característicos das lojas Ikea apresentam-se profusamente revestidos com cortinas, dosseis, almofadas, várias camadas de colchas e edredons e a forma como estes espaços parecem agora mais personalizados e descolados de uma certa imagem massificada é assinalável.
Mas muito mais interessante para mim foi perceber a forma profunda como o Ikea conhece os gostos e a maneira de viver dos portugueses e como adaptam o design de ambientes das lojas ao nosso público. Possuem estatísticas precisas, da área média dos nossos quartos, da percentagem dos que que possuem roupeiro integrado e qual a sua distribuição de mobília habitual, que em grande maioria adoramos madeira, que o nosso gosto é clássico e matchy-matchy (que é como quem diz: tudo a combinar), que fazemos questão de ter uma colcha a cobrir a cama toda :-) e que temos uma obsessão por "marquises" (esta estrutura típica intraduzível para a lingua inglesa usada na apresentação, foi referida assim mesmo: marquixis) e ainda sabem que o nosso sonho secreto é viver como num quarto de hotel com uma cama king-size e um walk-in closet, tudo organizado. Uff! Somos um livro aberto para eles, não há segredos! Mesmo que esta descrição nos provoque um sorriso, só podemos assinalar cada ponto com um visto: Check! Confirmado! Senão vejam os ambientes acabadinhos de criar na loja de Loures, ao gosto português e que fotografei para mostrar:
Aqui está uma marquise muito bem integrada no quarto em vez de ser aquela zona cheia de tralha do lado de fora da janela. Também o roupeiro embutido que nos é característico e que aparentemente não é tão popular noutros países foi aqui recriado, com sugestões de arrumação melhorada no interior e novas portas. Muita madeira e colchas: check!
Em cima, dois quartos para jovens, foram desenhados para representar outra faixa de população muito característica em Portugal: o jovem adulto que continua a viver em casa dos pais (crise obriga) mas que pela sua idade tem necessidades de independência a ter em conta. As dimensões dos quartos são as médias para que haja uma identificação com o público.
Por ultimo um ambiente para uma senhora de meia-idade que vive sózinha com um gosto clássico. Tem televisão no quarto como mais de 70% dos portugueses!!!
Foi uma excelente apresentação, muito organizada como sempre, mas desta vez um verdadeiro tratado sociológico sobre a forma como dormem os portugueses!